![]() |
As Aventuras de Tommy Rubb & Sabrina Li - O Tesouro de Plumpton Capítulo II - Grandbrick's Place |
Ao acordar na manhã do
dia seguinte, Sabrina estava com uma forte dor de cabeça.
Foi direto na janela dar
uma olhada no gato. Ele não estava no telhado perto da janela.
Depois de suspirar
tristemente, ela desceu para o café da manhã. Sentiu um delicioso cheiro e
andou mais depressa até a cozinha.
-Oi, Little Lipper! - cumprimentou o Sr. Lipperwick.
-Hey pai! Bom dia!
-Bom dia! Eu fiz waffles
pra gente hoje! – disse ele colocando um prato de waffles na mesa.
-Hmmm, parecem
deliciosos! – disse a garota pegando um.
-Hoje me deu vontade de
trazer algo pra você de presente. Tem algo específico que você queira?
-Ah, pai! Não precisa!
-Mas eu vou comprar de
qualquer jeito, então que seja algo que você esteja precisando.
Sabrina suspirou, não
adiantava discutir com o pai, ele compraria algo pra ela. Pensou um pouco.
-Ahh, nada me ocorre!
Faça-me uma surpresa!
-Hmm... Ok! Farei uma
surpresa!
Quando saiu de casa para
ir para a escola, Sabrina deu de cara com o gato na calçada, tomando seu banho
matinal.
-Por onde você andou,
danadinho!?
O gato ronronou e saiu
andando com a garota. Como no dia anterior, antes de chegar na escola ele sumiu
no meio dos arbustos.
Sabrina estava entrando
na escola quando avistou Tommy Rubberwick virando a esquina. Ela reparou que
ele realmente parecia vir da direção de Grandbrick’s Place. Esperou que ele
chegasse ao portão.
- Hey, Sabrina Li!
- Oi Tommy Rubb... Tudo
bem?
Ele hesitou.
- Tudo!
- Como vai Grandbrick’s
Place? – perguntou a garota tentando sondar algo, mesmo sabendo que corria o risco
de chatear o garoto.
Ele olhou pra ela
parecendo tentar descobrir o porquê da pergunta e tudo o que viu foi
curiosidade.
-Bem, ela está grande,
escura e velha como sempre!
Sabrina sorriu e não
resistiu:
-Será que eu poderia te
fazer uma visita qualquer hora dessas?
A essa altura estavam
próximos à escada para o segundo andar. Tommy parou e olhou pra ela como se
estivesse vendo uma criatura extraterrestre.
-Você está falando
sério?
-É claro que estou!
Tommy estava com os
olhos arregalados e uma ponta de desconfiança neles.
-Ninguém nunca me
visita. Aliás querem manter distância daquela casa.
Sabrina deu de ombros:
- Tudo tem uma primeira
vez, oras!
Tommy pareceu hesitar.
Sabrina ajudou.
- Olha, antes de saber
que morava alguém lá eu estava pensando seriamente em pular a mureta e quebrar
uma das janelas pra explorar a casa. Estou pedindo pra fazer isso com educação
e sem precisar quebrar nada.
Tommy olhou curioso pra
ela e sorriu.
- Você realmente é
diferente dos outros!
- Você já disse isso...
Mas e aí, vai me convidar ou não pra tomar um chá das cinco na sua casa?
- Chá das cinco eu não
sei, mas se quiser dar uma passada lá depois da aula, acho que posso te
oferecer alguns muffins
endurecidos...
- Sério?!!!
- Sim.
- Fechado!
- Ok! Até depois então!
Na hora do intervalo os
dois sentaram-se juntos no refeitório, ninguém ousou mexer com eles embora
todos os olhares parecessem estar direcionados àquela mesa.
- O que a trouxe a
Plumpton? – perguntou Tommy.
- Meu pai – respondeu
Sabrina – que por sua vez foi trazido pela empresa na qual trabalha.
- Hmm! Legal... E a sua
mãe?
Sabrina calou-se e de
repente pareceu bem interessada no seu sanduíche.
- Minha mãe... Bem...
Tommy interrompeu.
- Não precisa dizer.
Desculpe por perguntar, eu não imaginava...
Sabrina retribuiu com um
olhar agradecido. Mais uma vez, ela reparou em seu cordão com o pingente
enfiado dentro da camiseta.
- Quase ninguém conversa
comigo – disse Tommy com um olhar distante em direção à janela – Mas sempre me
perguntam se não tenho pai nem mãe. Respondo a verdade: Eu tinha, não tenho
mais.
Por um tácito momento os
dois se entreolharam e compreenderam a dor um do outro.
O sinal tocou e voltaram
para suas respectivas salas, mas Sabrina não prestou atenção nas aulas durante
o resto do dia.
No final da aula, eles
se encontraram no portão como combinado e foram andando em direção a
Grandbrick’s Place.
-Por que todo esse
interesse numa velha casa?
Sabrina revirou os
olhos.
-Não é só uma velha
casa. É uma mansão antiga, misteriosa e que até então parecia abandonada. Algo
assim é imã para minha curiosidade mórbida.
Chegaram em frente à
casa. Por algum motivo, ela era afastada de qualquer outra residência em
Plumpton e era o fim de uma rua e o início de uma colina.
Era uma enorme
construção com traços neogóticos e vitorianos, feita de tijolos escuros e bem
grandes. Era diferente de qualquer coisa que Sabrina já tinha visto que
remontava à Era Vitoriana. Estreitas janelas de vidro pareciam espreitar por
trás das reentrâncias nas paredes. Uma delas estava quebrada e várias estavam
tampadas com madeira.
Trepadeiras de um verde
vivo cresciam nas paredes e na mureta e o jardim estava mal cuidado.
- Uaau! É incrível!
Tommy olhou pra ela como
se ela fosse louca. Balançou a cabeça e depois disse:
- Olha, a diferença
entre o que você ia fazer e o que você vai fazer agora é que você não vai
quebrar a janela, mas podemos pular a mureta.
Ela olhou para Tommy e
bufou.
- Tá ok, então! Ainda
bem que vim de calça hoje!
Os dois pularam o muro e
andaram na pequena alameda em direção à grande porta de madeira.
A sensação que tinha ao
se aproximar da casa era que ela ficava maior, e isso não se devia ao fato
natural de que as coisas aumentam quando chegamos perto delas, parecia MESMO
que a casa estava se encurvando sobre Sabrina para observá-la.
- Ela parece estar me
olhando – disse a garota com um calafrio.
Tommy sorriu.
- São efeitos dos... –
Se interrompeu de repente.
Sabrina olhou pra ele.
- O que foi?
- Acho melhor você ir embora...
A menina franziu o cenho.
- Acho melhor você ir embora...
A menina franziu o cenho.
- Como assim?
- Olha, eu realmente não sou boa companhia para ninguém. Existe uma boa razão para ninguém querer falar comigo e eu não reclamo. Além do mais, eu não posso deixar que você saiba tudo a meu respeito. Por tantas razões que não dá pra enumerar. Talvez eu nem conseguisse te contar e mostrar a você, mesmo se eu quisesse.
Havia algo errado com o tom de voz dele, como se estivesse lutando para não fazer algo que desejava muito.
- Olha, eu realmente não sou boa companhia para ninguém. Existe uma boa razão para ninguém querer falar comigo e eu não reclamo. Além do mais, eu não posso deixar que você saiba tudo a meu respeito. Por tantas razões que não dá pra enumerar. Talvez eu nem conseguisse te contar e mostrar a você, mesmo se eu quisesse.
Havia algo errado com o tom de voz dele, como se estivesse lutando para não fazer algo que desejava muito.
Sabrina estreitou os
olhos.
- Algo me diz que isso
não é o que você queria me dizer. E agora você me deixou ainda mais curiosa.
Tommy começou a arfar e
ficar vermelho. Desviou os olhos dos olhos de Sabrina e gritou:
- Eu já disse que não posso te contar nada! É melhor ir embora.
Sabrina aprumou-se, cruzou os braços e arqueou as sobrancelhas.
- Bem Thomas Rubberwick. Quero ver você me tirar daqui antes de me contar o que quer me contar, mas acha que não pode... Quero dizer, é óbvio que você não pode confiar em mim, você acabou de me conhecer. Mas quem falou comigo primeiro foi você e não eu, e agora que estou aqui, não ouse me dizer que você é uma má companhia pra mim.
- Eu já disse que não posso te contar nada! É melhor ir embora.
Sabrina aprumou-se, cruzou os braços e arqueou as sobrancelhas.
- Bem Thomas Rubberwick. Quero ver você me tirar daqui antes de me contar o que quer me contar, mas acha que não pode... Quero dizer, é óbvio que você não pode confiar em mim, você acabou de me conhecer. Mas quem falou comigo primeiro foi você e não eu, e agora que estou aqui, não ouse me dizer que você é uma má companhia pra mim.
Foi a vez de Tommy
arquear as sobrancelhas antes de sorrir.
- Bem, nesses termos
você também não poderia confiar em mim a ponto de entrar comigo numa casa
aparentemente abandonada. Porém, estamos aqui, acho que isso é o suficiente.
Não sei por que, mas algo me diz que eu posso confiar em você pra isso.
Sabrina concordou com um
gesto de cabeça.
Tommy suspirou:
- Eu não deveria... Por
que geralmente os poucos amigos que arrumo pensam que sou louco quando contam
ou se assustam quando descobrem por si mesmos e acabam se afastando... E as
pessoas que já acreditam nisso que vou te contar sempre creem em boatos
mentirosos a meu respeito. E essas são apenas duas das razões pelas quais eu
não deveria...
-Pare de enrolar e fala
logo... – interrompeu Sabrina.
Tommy ainda hesitou por
alguns segundos.
-Ok... Eu... Eu sou...
Eu sou um bruxo. Pronto falei.
Enquanto isso, o Sr.
Edmond Lipperwick passeava pelo centro comercial de Plumpton à procura de algo
para comprar para Sabrina.
Nada lhe ocorria para
dar a filha. Não sabia o porquê, mas sentia uma vontade imensa de presenteá-la
naquele dia. E quanto mais andava, mais sentia tal vontade. Era como se seus
pés estivessem controlando seu cérebro e não o contrário. Ele andava a esmo
pelas ruas tranquilas e apinhadas de pessoas típicas de pequenas cidades
inglesas, sem ter exatamente um lugar específico para ir. Ele parou em várias
lojas, mas não achava nada que ele considerava satisfatório para o gosto um
tanto alternativo da filha.
Seus pés, porém, pararam
em frente a um antiquário.
Parecia ter sido uma
casa outrora. Toda de tijolinhos que pareciam milenares e uma placa rústica de
madeira onde se lia “The Old Wizard’s Store of Old Stuff”. No lugar onde seria
a janela da sala havia uma vitrine repleta de coisas interessantes e que
agradariam Sabrina bastante. Entrou.
Achou que o cheiro lá
fosse de naftalina. Mas não.
A loja completamente
rústica e repleta de livros e antiguidades cheirava sim a coisa velha, mas não
era um cheiro incômodo e empoeirado... Era um cheiro agradável.
Edmond Lipperwick pensou
que se as boas lembranças fossem perfumes, o cheiro seria aquele.
Atrás do balcão, no meio
da loja - que era maior por dentro do que aparentava, estava sentado o homem
mais senil que o Sr. Lipperwick já havia visto. Eram milhares de rugas e
cabelos alvíssimos. E aquele senhor estava tão parado que parecia estar sentado
ali a milênios. Não seria surpreendente se houvessem nele teias de aranha e
poeira sobre as mãos que seguravam um enorme livro que tinha caracteres rúnicos
na capa.
- Boa tarde!? – disse
Lipperwick incerto.
O senhor milenar
levantou os olhos, que eram de um azul piscina profundo. Edmond ficou surpreso
ao perceber que aqueles olhos eram tão joviais e vívidos que pareciam
deslocados em meio àquele mar de rugas. Tinham um curioso brilho travesso de
alguém que estava aprontando algo.
- Boa tarde, meu jovem!
– a voz era de rouca, mas era firme – O que procura?
- Quero dar um presente
à minha filha! Mas...
- Não sabe exatamente o
que é? – disse o senhor com um sorriso maroto.
- É... Mais ou menos
isso!
- Hmm... interessante!
Como é mesmo seu nome?
- Lipperwick, Edmond
Lipperwick!
As sobrancelhas do
velhinho arquearam ligeiramente e o brilho nos seus olhos aumentou.
- Prazer, Sr.
Lipperwick... Eu sou Waltwick Wottan às suas ordens! Tem parentes por aqui, Sr.
Lipperwick?
-Na verdade mudei pra cá
a pouco mais de uma semana... Mas já ouvi falar que minha família morou aqui
por muito tempo... Não sei se em Plumpton, mas em East Sussex sei que sim...
O Sr. Waltwick Wottan
sorriu.
- Bem... Vejamos o que
temos para sua garota então! Temos livros sobre tudo, objetos decorativos...
Temos até jóias e bijuterias. Deseja dar uma olhada neles? Não há como
desagradar uma mulher com uma bela jóia!
- Ahhh não, a minha
filha não é do tipo vaidoso que usa...
Ele parou. Viu algo que
refletia luz no fundo da loja.
- O que é aquilo?
O sr. Wottan olhou para
a direção que Edmond apontava. Seus olhos brilharam.
- Ahh... aquilo! Curioso...
Muito curioso... – Ele andou até o
fundo, onde estava o objeto – Quem sabe finalmente tenhamos achado seu dono!?
Sabrina estava
paralisada, ligeiramente inexpressiva.
Parecia avaliar se acreditava ou não no garoto.
Parecia avaliar se acreditava ou não no garoto.
Levantou uma sobrancelha
e disse:
- Prove!
Tommy pareceu confuso.
- Essa não é a reação
usual... Você se mostra cada vez mais interessante. – disse ele – Ok... Vamos
lá então.
Naquele momento, Tommy
puxou para fora da camiseta o cordão que intrigava Sabrina desde o dia
anterior. Nele havia uma haste de madeira trabalhada com cerca de 15
centímetros de comprimento. Tinha um formato pontudo, tendo a base mais grossa
pendurada no cordão.
Tirou do pescoço e
colocou-o no pulso, enrolando-o duas vezes para que se ajustasse. Enquanto
fazia isso, a haste que servia de pingente do cordão cresceu e pareceu ficar
duplamente maior, pouco maior que uma régua de 30 centímetros.
Sabrina arregalou os
olhos.
-Calma – disse ele.
O menino apontou o seu
estranho pingente para a enorme fechadura de Grandbrick’s Place, e fez um
movimento enquanto pronunciava uma palavra desconhecida a Sabrina.
-Alohomora!
Ao som da palavra e o
movimento da haste, a porta se destrancou.
Sabrina só não arregalou
os olhos mais ainda por que não tinha como.
-Isso aí é... Uma
varinha mágica?
Tommy riu ao ver a
expressão de Sabrina.
-Sim!
De estupefata, a
expressão de Sabrina passou a ser maravilhada.
-Cara! Isso é o máximo!
Provavelmente eu vou acordar daqui a pouco e descobrir que estou apenas tendo
mais um dos meus sonhos esquisitos, mas...
O garoto olhou pra ela e
havia algo entre a extrema felicidade e a gratidão em seus olhos.
-Isso não é nada! Venha!
Sabrina entrou com ele
na casa.
A porta se fechou
sozinha atrás deles. A menina tomou um susto.
-Não se preocupe –
tranquilizou Tommy – Ela é enfeitiçada pra se trancar sozinha quando entramos e
só abre com algum feitiço para destrancar portas. A casa é toda protegida por
magia, contra bruxos e contra trouxas. Por isso quando você passou em frente
desistiu de entrar nela.
-Como assim trouxas? E para
quê tanta proteção?
A expressão do garoto
anuviou-se.
-Ah, me desculpe... No
mundo dos bruxos, trouxa é o nome que damos para alguém que não é bruxo. Sobre
a proteção... Bem... Por vários motivos. Um deles é que a casa possui encantamentos
e informações demais sobre o mundo bruxo para que qualquer um descubra. Faz
muitos anos que não entra ninguém além de mim aqui.
Sabrina não se deu por
satisfeita com a resposta, mas calou-se diante da grandiosidade da sala que
estava à sua frente.
Se por fora a casa
parecia abandonada, por dentro parecia nova em folha. Mas ainda assim era
escura e misteriosa.
-Você cuida bem da casa!
-Obrigado! Mas com magia
não é tão difícil!
Fizeram um tour por
parte da casa. Havia um salão de festas e música, onde havia um piano de cauda,
havia uma sala de jogos com mesas com jogos de tabuleiro e troféus de
campeonatos de esportes que Sabrina nunca ouvira falar, como xadrez bruxo e
quadribol. A sala de jantar tinha uma mesa magnífica. Nos corredores havia
vários retratos que Sabrina achou esquisitos. Uns não tinham o modelo, apenas a
cadeira ou o cenário. Todas as pessoas dos quadros eram bem antigas, as que
pareciam da Era Vitoriana eram as que aparentavam ser mais novas, e alguns
pareciam ser da Idade Média! Outros pareciam olhar curiosamente para a garota.
Ela achou que era só uma impressão, quando inesperadamente uma senhora gorda
num dos retratos a avistou, soltou um grito e saiu correndo de dentro da
pintura para algum lugar desconhecido.
A menina parou no
corredor de olhos arregalados.
Tommy riu.
- A maioria deles se
mexe e conversa. Não se preocupe. São bem tímidos e não vão conversar muito com
você.
Sem dizer nada mais,
continuaram andando em direção à biblioteca. Sabrina não soltou um pio sequer,
parecia desconfiada com os retratos falantes.
Ela ficou maravilhada
com a biblioteca. Parecia cinematográfica.
- Uau! E eu achei que
tinha muitos livros.
- Esse é o meu lugar
preferido da casa!
As enormes paredes da
biblioteca eram repletas de livros até o teto, fora as pilhas e pilhas deles
que se postavam no chão e nas mesas de leitura. Parecia mais uma biblioteca de
um grande estabelecimento educativo. Em cima da porta tinha um quadro com uma poltrona
vazia.
Havia uma pilha de
jornal num canto.
A princípio Sabrina não
prestou muita atenção nela, mas depois reparou algo curioso. Aproximou-se da
pilha e tomou um susto ao ver que todas as fotos se mexiam. O jornal chamava-se
O Profeta Diário e parecia antigo, apesar da data ser do mês anterior. Na foto
um rapaz de óculos redondos e uma cicatriz em forma de raio na testa acenava
sorridente ao lado de uma bela moça que parecia ser ruiva, a despeito da foto
em preto e branco.
- Cara, as fotos desse
jornal se mexem!
Tommy não deu muita
atenção, não parecia impressionado com isso.
-Sim... É o principal
jornal do mundo bruxo, O Profeta Diário.
- Que máximo!
Ela pegou um dos
exemplares e folheou. Leu uma matéria sobre a volta as aulas após as férias de
Natal da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.
- Existe uma escola de
magia e bruxaria? – perguntou Sabrina estupefata.
Tommy pareceu ficar
sombrio de repente.
- Sim...- respondeu – As
crianças começam a estudar com 11 anos de idade nela e terminam com 17.
Então Sabrina se lembrou
do dia anterior, quando conheceu o garoto e algo lhe ocorreu.
- Vi raiva nos seus
olhos quando perguntei sua idade ontem... Você já tem 12 anos e... Por que não
estuda nessa escola?
Tommy de repente pareceu
bem interessado nos livros da mesa na sua frente.
- Ainda não me sinto bem
para falar sobre isso...
Sabrina encolheu-se um
pouco com o tom frio do novo amigo.
- Tudo bem, não precisa
contar se não quiser. – Sabrina resolveu mudar de assunto – Você gosta muito de
ler?
- É o que eu mais faço –
disse Tommy, ainda um tanto distante.
- Como você acha
livros!? Aquelas escadas ali não chegam ao teto...
Tommy desfez a expressão
sombria e sorriu.
Pegou sua varinha,
apontou para algum ponto no alto.
- Accio “Hogwarts Uma
História”!
Um dos livros na ultima
prateleira literalmente voou até as mãos do Tommy.
- Muito legal! – Disse
Sabrina maravilhada.
- Você não deveria
mostrar magia assim para qualquer trouxa que aparece e te acha legal,
Thomas! - disse uma voz severa vinda de
cima.
Sabrina tomou um susto.
Olhou na direção da voz. Ela vinha do quadro em cima da porta que estivera
vazio quando ela havia olhado para ele antes. Agora um homem gordo com uma
túnica roxa berrante espiava os dois com um olhar reprovador.
- Ah, vai caçar outro
quadro pra você, Spaffudius!
- Tudo bem – disse o
retrato – mas não diga que não avisei! – e sumiu da moldura.
Sabrina levou um tempo
ainda pra digerir tudo o que vira e ouvira e disse de repente:
- Tommy, eu tenho que
ir! Meu pai vai chegar em casa logo e vai estranhar se eu não estiver lá para
almoçar!
Tommy pareceu desapontado.
Tommy pareceu desapontado.
- Ahh, mas já? Não vimos
nem metade da casa!
- No fim de semana a
gente combina.
O menino hesitou antes
de dizer:
- Ok! Até mais então!
Será sempre bem vinda!
Depois de se despedirem,
Tommy levou Sabrina até a porta e ela pulou o muro.
Quando chegou em casa o
pai já estava lá.
- Little Lipper? –
perguntou ele da cozinha, de onde vinha o cheiro de deliciosos muffins.
- Cheguei pai!
Ele apareceu na sala.
- Por que demorou tanto?
- Eu fui à casa de um
colega pra saber onde é... Vamos fazer trabalho no fim de semana.
- Ah sim! Mas bem... Eu
disse que compraria algo pra você e comprei!
Sabrina ficou
apreensiva. O pai costumava dar bons presentes em datas especiais, mas sempre
que tentava agradar fora de época comprava alguma coisa bizarra.
Ele entrou no escritório
e voltou de lá com uma caixa azul marinho de veludo.
- Toma!
Sabrina pegou a caixa.
Era uma caixa de joia de
veludo azul bem escuro com a silhueta de um gato de prata na tampa.
Ela abriu e soltou uma
exclamação.
- Pai! Isso é... LINDO!
Maravilhoso! Adorei! Nossa, obrigada! Mas isso deve ter custado uma nota!
- Por incrível que
pareça não! O dono do antiquário me vendeu baratíssimo!
Sabrina pegou a joia que
viera dentro da caixa para examiná-la melhor.
Era uma corrente de
prata com um pingente bonito e inusitado. Era uma pedra dentro de um arranjo de
prata. A pedra era oval, bem lapidada e azul e dentro dela parecia haver um
líquido e uma espécie de vácuo bem no centro no incrível e perfeito formato da
silhueta de um gato, parecida com a da caixa.
Sabrina não sabia o que
era, mas assim que tocou a pedra ela pareceu ficar de um azul ligeiramente mais
escuro. “Deve ser impressão minha” pensou.
Abraçou e agradeceu o
pai com sinceridade.
Naquela noite quando foi
dormir, o gato preto estava na janela, mas estava estranho. Não parecia estar a
fim de brincar com a garota. Mas ficou lá a noite inteira.
Mais uma vez Sabrina
teve sonhos e pesadelos. Mas desta vez eles pareciam mais vívidos, apesar de
ainda não fazerem muito sentido.
Quando acordou na manhã
seguinte, parecia que ela havia dormido por apenas cinco minutos e estava suada.
Olhou pela janela. O gato não estava lá.
Sabrina olhou para a
paisagem lá fora em direção a Grandbrick’s Place.
Ela coçou a cabeça e
passou a mão na caixa de veludo em cima do seu criado mudo.
Com o cenho franzido ela
escovou os dentes, tomou seu banho e desceu para o café da manhã, já pronta
para a escola.
- Bom dia, filha, tudo
bem?
- Tudo sim, pai...
- Mesmo? Você parece não ter dormido muito bem.
- Mesmo? Você parece não ter dormido muito bem.
- É... Tive sonhos
esquisitos a noite toda. – Ela parou um pouco e pensou – Sonhei que fui a
Grandbrick’s Place e morava um menino bruxo lá, e os quadros se mexiam e
conversavam. Achei estranho. O menino era um dos meus colegas da escola e...
Ela parou e ficou
olhando para o nada por alguns segundos.
O pai olhava para ela
com curiosidade, esperando que ela terminasse.
Ela olhou para a tigela
com cereais e leite.
- Esqueci o resto. Tenho
que ir – disse, levantando-se.
- Mas você nem terminou
de comer!
- Perdi a fome... Até
mais, papai.
Nenhum comentário:
Postar um comentário